Quanto mais consciente estamos das nossas emoções, sentimentos e de todo o campo sensorial que é envolvido quando somos confrontados com situações difíceis, mais rápido processamos os nossos sentimentos e saímos da inércia emocional. O corpo aprende por repetição, e as emoções fazem parte do corpo. Elas interferem na respiração, na produção hormonal, em todo o bem estar e funcionamento do nosso sistema orgânico.
O caminho do Tantra é o caminho do sentir. Deixar que as emoções venham em cheio, para que sejam acolhidas pelo corpo. Acolhemos a tristeza, a euforia, o medo, a raiva, tudo. Quaisquer que sejam as manifestações do campo emocional, vamos sentir de maneira saudável e consciente. É dessa forma que desenvolvemos a nossa inteligência emocional e nos desidentificamos cada vez mais dos nossos pensamentos e sentimentos.
Sentimentos, emoções, hábitos e comportamento, tudo isso é somatizado pelo corpo criando uma Anatomia Emocional.
E esse processo todo não requer dialética, longas conversas a respeito da sua infância, nada disso. O trabalho é essencialmente corporal. Vamos ao encontro do nosso aparato sensorial usando respiração, movimento, som, os sentidos do corpo, tudo menos o intelecto, a mente analítica. Todo o amadurecimento emocional é oriundo da conexão com a anatomia emocional, com a maneira que o seu corpo vem processando essas demandas. Você não precisa de conjecturas e conclusões para se livrar do medo, da angústia, da dor ou da ansiedade. Precisa apenas sentir.
É preciso deixar claro que os nossos sentimentos, assim como o nosso comportamento, não está apenas no campo das ideias. Eles são somatizados, todo o tempo, pelo nosso corpo. Como uma pessoa que leve a vida com muita timidez pode ter os ombros arcados pra frente, algum problema de tireoide, uma voz baixa e rouca, ou uma outra pessoa que sofreu forte repressão e até violência sexual na infância ou adolescência pode ter uma rigidez muscular crônica na região do quadril. Nosso corpo se adapta às experiências que vivemos e as nossas emoções não ficam ilesas nesse processo. E, como um círculo vicioso, nosso corpo se adequa às experiências que vivemos, criando uma anatomia emocional que fortalece a repetição de padrões que são repetidos de maneira inconsciente diversas vezes, até o ponto de se tornarem verdades, crenças que desenvolvemos ao nosso respeito.
O amadurecimento nasce da percepção da própria anatomia emocional, da criação de uma visão sistêmica que transforma os papeis que vivemos nas diversas relações e situações que nos inserimos no dia a dia. Precisamos criar uma nova relação com o nosso corpo para podermos inserir novidades e transformações no nosso comportamento.
As experiências da Terapia Tântrica combinam a auto-observação meditativa com alta sensibilidade, vitalidade e bioenergia
As práticas que desenvolvemos na terapia tântrica – tanto nos trabalhos individuais como nas vivências em grupo – vão colocar a pessoa em um contexto meditativo de auto observação, usando o corpo para intensificar a produção de bioenergia, aguçando assim a sensibilidade. Dessa forma entramos em contato com nossas emoções com mais autonomia, com um distanciamento maior, fazendo com que o corpo integre todas as sensações e consiga apagar a marca do trauma, da neurose, ou da questão emocional que se procura tratar no momento.
Muitas vezes nos pegamos imersos em situações repetidas; nos envolvemos com um perfil de pessoa que não permite que a relação evolua, saímos de um trabalho que odiamos para outro que detestamos, nos pegamos em situações onde acabamos sempre nos vitimizando… Enfim, seja em maior ou menor grau, muitos de nós já nos encontramos em algum looping comportamental. E grande parte das vezes que isso acontece, antes de conseguir mudar a situação, passamos um bom tempo com uma visão clara de como agir; sabemos tudo o que precisa ser feito, porém ainda assim o comportamento não muda. Porque isso acontece?
Porque existe todo um sistema orgânico, fisiológico, estrutural que sustenta esse comportamento. Novamente: ele não está apenas no campo das ideias, mas sim está presente no corpo. Enquanto não resolvermos as marcas que essas emoções e esse comportamento repetitivo vem deixando no corpo, as ideias a respeito disso tudo, por mais claras que sejam, permanecerão inertes, sem uma força natural e orgânica que dê sustentação para a mudança de atitude.
Essa prática de contato com o próprio corpo vai desenvolvendo um senso que Robert Kegan chama de self-authorship (ou auto-autoria, em tradução livre), uma expansão da própria consciência que começa a remodelar as suas crenças, a sua noção de ser e as maneiras com que você se relaciona. Vai trazendo uma independência de todas aquelas frases que você vive repetindo a seu respeito.
Coisas como “sou ciumento, não sei me relacionar, não consigo viver sozinho” e tantas outras falsas verdades que vamos reforçando com o nosso discurso acabam pouco a pouco caindo por terra. Você transforma todas essas percepções da perspectiva do “eu sou” para a perspectiva do “eu tenho”. Eu tenho esses traços, eu possuo essas características, ao contrário do “eu sou assim”. Esse é o processo de desidentificação que aflora quando buscamos sentir todas essas marcas emocionais no nosso corpo.
O Amadurecimento Emocional que procuramos necessita de uma reconexão com o corpo. Menos pensar e mais sentir!
O Tantra nos traz a percepção que o pensamento é apenas um dos nossos sentidos. Assim como não somos o que saboreamos, o que ouvimos ou o que tocamos, também não somos aquilo que pensamos. Existe uma consciência anterior a todos os pensamentos, uma presença que está além de tudo o que racionalizamos. Essa consciência é capaz de observar tudo o que acontece no nosso corpo, inclusive os nossos pensamentos. O trabalho da meditação na terapia tântrica desenvolve um estado de presença que nos conecta com a nossa consciência primordial.
E uma vez em conexão com essa consciência, as transformações começam a acontecer. Pra isso, precisamos colocar a nossa mente em seu devido lugar de servo, não de mestre. Precisamos desenvolver a percepção de como essas emoções e crenças limitantes estão sendo somatizadas pelo nosso corpo e providenciar a devida carga de bioenergia, presença e aceitação necessários para o desabrochar da nossa consciência.
Menos estímulos intelectuais e mais estímulos sensoriais. Mais sensações, menos conclusões. O amadurecimento emocional passa por um redescobrimento do nosso corpo, não pela produção de mais informações no nosso já sobrecarregado cérebro. A terapia tântrica não exige o seu intelecto, não vasculha suas memórias, não faz muitas perguntas. A terapia tântrica sensibiliza o corpo, vitaliza o sistema nervoso, oxigena as células, restabelece a produção de bioenergia, destensiona a musculatura cronicamente afetada, produz efeitos no nosso sistema orgânico que abrem espaço para um desenvolvimento dos sentidos e um amadurecimento emocional.