Tratamento Meditativo

Quais as vantagens em incluir a prática da meditação no tratamento corporal do Tantra?

Em toda a Terapia Tântrica que praticamos na Casa Samadhi, utilizamos a meditação como um dos grandes alicerces de todo o sistema terapêutico. Meditação como um aterramento, um estado de presença, um mergulho sensorial no aqui-agora.

Vamos esquecer por enquanto aquela ideia de que meditar é não pensar em nada. Esse conceito atrapalha o contato das pessoas com a meditação, pois no mundo hiper estimulado que vivemos hoje, a ideia de não pensar em nada parece completamente irreal para as pessoas. E meditar não é isso. Muito mais do que não pensar em nada, meditar é testemunhar os próprios pensamentos, dando a eles o devido peso, o devido valor.

Mas porque inserir a meditação tântrica dentro do tratamento?

O caminho do Tantra é o caminho do sentir. Deixar que as emoções venham em cheio, para que sejam acolhidas pelo corpo. Acolhemos a tristeza, a euforia, o medo, a raiva, tudo. Quaisquer que sejam as manifestações do campo emocional, vamos sentir de maneira saudável e consciente. É dessa forma que desenvolvemos a nossa inteligência emocional e nos desidentificamos cada vez mais dos nossos pensamentos e sentimentos.

A prática da meditação ajuda a nos desidentificar com os nossos pensamentos, acalmar as expectativas e viver uma vida mais aterrada no momento presente

A maior porta de entrada para traumas e comportamentos neuróticos na nossa sociedade atual é a intensa identificação que temos com os nossos pensamentos. Quando sentimos medo, raiva, mágoa, ansiedade, ou outras emoções difíceis, somos bombardeados por pensamentos que retroalimentam essas emoções. Entramos  inconscientemente em um estado de profunda identificação com tais pensamentos, a ponto de nos perdermos de nossa própria individualidade.

Quando estamos deprimidos, repletos de pensamentos depressivos, sentimos tudo isso de tal forma que parece que fomos deprimidos nossa vida toda, que toda nossa existência foi permeada por sentimentos tristes, complicados, tensos.

Quando temos uma grande identificação com nossos pensamentos e vivenciamos situações que trazem um caráter nocivo ou tóxico a respeito da ideia que temos sobre nós mesmos – com a compulsão e a sobrecarga mental que vivemos hoje em dia – atacamos sem piedade a nossa autoestima, nosso amor próprio.

Rapidamente nos encontramos sem força física, sem disposição para as atividades diárias, mergulhados em um inércia emocional de tão exaustos que ficamos por conta da surra que levamos dos nossos pensamentos.

É preciso compreender que não somos aquilo que pensamos.

Nossa consciência vai muito além!

A prática recorrente da meditação desencadeia um processo de desidentificação com os nossos pensamentos. Conseguimos observá-los como um expectador, como se estivéssemos fora de nossas cabeças.

Ela desenvolve uma visão sistêmica a respeito do nosso comportamento, das causas e efeitos das nossas atitudes que começam a trazer uma certa compreensão a respeito dos nossos padrões mentais.

Cada vez mais sintonizamos a nossa consciência primordial, que antecede a tudo que é pensado, e começamos a dar o devido peso aos nossos pensamentos, entendendo os gatilhos que se repetem e disparam as mesmas ideias, reconhecendo nossos hábitos, nossos padrões comportamentais e, pouco a pouco, ganhando mais autonomia sobre as ideias que pensamos e executamos.

Além disso, a meditação tântrica tem um caráter extremamente sensorial que é muito benéfico dentro do processo terapêutico corporal. Conforme vamos praticando, sentimos todo o nosso corpo de maneira diferente.

Entramos em contato com a nossa anatomia emocional e encontramos percepções transformadoras ao nosso respeito, simplesmente por estarmos sintonizados às marcas que a nossa história de vida deixou marcada no nosso corpo.

Extremamente ativas e dinâmicas, as meditações que usamos na Terapia Tântrica vão utilizar elementos como movimento, respiração, som e outros recursos do corpo para alterar alguns processos fisiológicos, dentre eles a produção de bioenergia do corpo.

Todo o nosso corpo, todas as nossas células precisam de energia para executarem suas funções.

Quando falta combustível, a atividade fica comprometida, a célula começa a disfuncionar e, em breve, teremos uma célula morta para ser substituída. Energia é vitalidade!

Quando levamos energia pro corpo, estamos levando vida. Ao levarmos vitalidade, deixamos o corpo no seu melhor funcionamento, o que aguça a nossa sensibilidade, os nossos sentidos.

Energia é vitalidade!

As meditações tântricas usam a sabedoria do corpo para carregá-lo de bioenergia.

Alguns trabalhos, por englobarem práticas de meditações sociais – ou seja, trabalhos de meditação que são feitos em duplas ou grupos – acabam trabalhando também a maneira que nos colocamos em todas as relações que nos cercam, sejam relações profissionais, relações de poder, relações afetivas ou relações familiares.

Cada esfera, cada relação interpessoal aflora alguma parte da sua essência e esconde outra. Meditar em um contexto social nos traz a percepção de quem realmente somos na presença do outro, revelando assim uma série de padrões de comportamentos inconscientes.

É possível resgatar o amor próprio e a autoestima com a prática regular da meditação tântrica. Você acaba conhecendo uma nova percepção ao seu respeito.

A meditação distorce a linha do tempo, principalmente aquela que se desenrola entre um estímulo e sua reação. Quanto mais meditamos, mais ficamos conscientes de como os fatores externos afetam nosso bem estar e vamos criando uma autonomia, um filtro para permitir ou não que esses eventos nos abalem e com qual amplitude.

Dentro do nosso tratamento – e inclusive em um tratamento individual – sempre indicamos a participação em encontros em grupo de meditação tântrica ou renascimento para intensificar e acelerar o processo terapêutico. Uma sessão de massagem – uma das ferramentas mais fortes da terapia tântrica – nunca começa sem uma breve sessão de meditação.

É preciso estarmos presentes às sensações quando trabalhamos o sentir, o aspecto sensorial do corpo. As meditações que usamos no Tantra aguçam também a nossa consciência corporal. Nada nos coloca mais no aqui-agora, no momento presente do que o nosso corpo.

A mente tem um poder incrível em nos fazer viajar no tempo no campo das ideias. Mas tão forte quanto esse poder que ela tem, é o poder do corpo de nos ancorar. Quando estamos sentindo, percebendo o corpo, estamos imersos no momento presente. Quaisquer que sejam as sensações do corpo, elas acontecem agora, não no apego do passado nem na ansiedade do futuro, como funcionam os pensamentos.

Uma experiência de contato com essa esfera do seu ser, esse ser sensorial, intuitivo, presente, integrado, é algo extremamente terapêutico. A meditação ajuda você a enxergar o que existe de melhor aí dentro, assim como ajuda você a descartar o que não serve mais. Resgatamos o amor próprio e a autoestima com a prática da meditação.

Como todo tratamento natural, ou como qualquer trabalho de reeducação corporal, o tratamento meditativo requer regularidade. Consistência. É preciso um compromisso por parte do paciente em dispor de um tempo regular diário para praticar as meditações receitadas pelo terapeuta.

Cabe a esse uma anamnese precisa e um bom conhecimento da Terapia Tântrica para focalizar as práticas meditativas mais eficazes para determinada questão ou determinada pessoa.

Vale ressaltar que não se deve nunca estabelecer uma meta para esse tipo de tratamento. Cada pessoa tem uma anatomia emocional, uma maneira de sentir, uma conexão com o corpo, um nível de autopercepção. Cada tratamento levantará determinado conteúdo e será percebido de maneira bem peculiar.

Não devemos colocar nenhum tipo de meta para não condicionar a mente do paciente. Nossa mente consegue produzir qualquer tipo de experiência, quanto menos sugestionada ela for, melhor. É mais interessante que um paciente não sinta nada em uma sessão de meditação – esse “nada” muitas vezes esconde bastante significado – do que sinta uma percepção falsa, criada pela mente, que o distraia de perceber as sensações do corpo.

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