1. Conceituando espiritualidade

Precisamos começar esse papo estabelecendo um lugar comum para esse conceito. Espiritualidade pode querer dizer muitas coisas para diferentes pessoas e precisamos procurar falar sobre a mesma coisa. Salve a você que me lê. Tudo na paz? Quero te convidar a, antes de seguir a leitura, fechar os olhos um pouco, fazer respirações profundas e deixar a pergunta vibrar aí dentro: o que espiritualidade significa?

Talvez você tenha palavras para explicar, talvez você tenha experiências, emoções ou sensações que expliquem melhor e te deixem, nesse momento, sem palavras. Tá ótimo. Fica aqui o convite para tentar descrevê-la da maneira mais simples ou complexa que você conseguir, comentando logo abaixo.

Aqui, quando falamos em espiritualidade, estaremos falando das experiências, sensações, emoções, estados de consciência ou presença que conecta você com algo ou alguma coisa externa ao seu corpo físico de maneira viva, palpável, evidente mas não necessariamente intensa. Uma conexão viva quer dizer que existe uma troca, um trânsito de informações, uma energia pulsando nessa experiência. A experiência não precisa ser sobrenatural para ser espiritual; muito pelo contrário, a espiritualidade se manifesta em momentos extremamente simples, muito embora nem toda coincidência seja obra da espiritualidade.

Exemplos de experiências que podem ilustrar a espiritualidade:

  • Quando uma mãe “sabe” o que um filho está sentindo;
  • Quando se presta reverência a alguém falecido no processo de luto;
  • Quando no processo de criação o artista escolhe canalizar o olhar ou a sensibilidade de um ídolo ou referência;
  • Quando temos insights ou momentos de profunda inspiração;
  • Quando, por meio da meditação, conseguimos nos conectar com o todo, o Tao, o universo, a existência;
  • Quando sentimos dor por conta de algo que aconteceu na nossa história de vida;
  • Quando um torcedor se inflama e sente a euforia do atleta que marcou um gol;
  • Quando fazemos uma prece ou entoamos um mantra.

Deixando claro o seguinte: ao mesmo tempo que essas são experiências com muita abertura para manifestação da espiritualidade, elas não são espirituais por natureza. A qualidade da conexão com a experiência vai ser um grande diferencial – você pode sentir dor sentado na mesa do trabalho produzindo, sem nenhum contato com a profundidade da experiência, como pode fazer a sua prece de maneira mecânica, sem nenhum contato com a esfera espiritual do que está fazendo.

A experiência espiritual ocupa seu corpo, sua mente, sua alma, sua respiração, sua musculatura, seus sentidos, seu tempo, seu espaço… Ela é sinestésica e multidisciplinar. A experiência espiritual não necessariamente expande a nossa consciência (o que significa que alguma coisa dentro da nossa percepção se transformou para sempre) mas muitas vezes pode nos revelar aspectos adormecidos da nossa existência. Às vezes a euforia da experiência espiritual é tanta que não deixa aprendizado nenhum além da sabedoria de que isso existe.

O aprendizado trazido pela espiritualidade não está tanto na experiência em si, mas sim no seu comprometimento com ela. Ela pode ser extremamente reveladora, mas é preciso se dedicar a compreendê-la, senti-la em sua plenitude e aceitá-la sem julgamentos e expectativas.

Para a sua reflexão

E você, o que acha? O que é espiritualidade pra você? Concorda com os exemplos acima? Tem outros que você gostaria de sugerir aqui? Como você vivenciou a espiritualidade ao longo da sua vida? Respira fundo uns minutinhos e deixa essas questões vibrarem aí dentro.

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